Pus um Z, ovelha negra,
no coração da família;
foi feito faca de ponta,
uma navalha de afronta,
foi quase um tiro no pé;
um violino no samba,
uma zabumba em Chopin.
Fui acusado de ingrato,
renegado, insolente,
despistador de brasão
(peço o perdão que me assente).
Venho eu mesmo em meu socorro.
Permita-me e eu discorro:
por mais que soe bizarro
o Z de zorra e zoada
é minha marca do Zorro.
Constritiva, fricativa,
o Z é letra que arranha,
que zanga, zoa e zune,
azucrina e atazana.
Para a culpa que me pune
não há razão mais profunda:
alveolar artimanha
de um escritor de segunda.
Z de zaga e de zureta
de azougue azedo zumbi
de zebra zebu zunir
de zangão e de zambeta
peço a todo detrator:
tire o azorrague da mão
que aquela distinta letra
sela o nome do escritor
(sabor de contravenção)
agredindo a ortografia
desbancando a eufonia
mas o meu nome civil
grafo com o S sutil
de simpático e sincero
porque tudo o que mais quero
(com o sinal mais sinuoso
ou com o outro, anguloso)
é continuar Vas(z)concelos.
3 comentários:
Carlos e seu Z de Zorro
Têm cauzado confuzão:
Não sei ze "esse" ou "zê", zei não,
O jeito é pedir zocorro!
CarlosVaZconcelos
Achei bem legal a saga do Z.
Melhor ainda passar em seu espaço.
Gosto de conhecer as obras de escritores e poetas, principalmente, cearense.
Dalinha
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